terça-feira, 20 de novembro de 2012
Salim Miguel
Salim Miguel é daqueles escritores emblemáticos da literatura universal, mas, para nossa sorte, da brasileira e especialmente da catarinense.
Suas características de escrita são bem definidas, Salim escreve na maioria das vezes em 1ª pessoa o que deixa bem dificultado para tipos de apresentações, ele faz várias descrições de ambientes passando ao leitor uma ideia bem clara de lugar e de espaço, o regionalismo catarinense é presente em vários aspectos desde a fala (narrativa) do personagem como a linguagem de Itajaí (com o som muito presento do "S"), também costumes típicos regionais como comidas, ocorre também em regiões geográficas, entre outros.
Salim tem de sua principal característica o regionalismo de sua terra, pois é libanês e nos seus contos ele sempre nos mostra um pouco das culturas do Oriente Médio. Além destes Salim é extremamente estrangeirista ele faz um resumo antes de seu conto em inglês, e até alguns ele cria títulos em inglês.
Ao ler Salim Miguel me ajudou muito, pois não era de meu entendimento apresentar um livro em que lera em 3ª pessoa, me ajudou a superar esta insegurança, também não conhecia a extrema importância de Salim para a literatura brasileira, por isso peço permissão para postar isto sobra a sua vida: Tem 30 livros publicados, entre eles, Velhice e outros contos (Fpolis 1951), Rede (romance, 1955), A morte do tenente e outras mortes (contos, 1979), A voz submersa (romance, 1984),Primeiro de abril, narrativas da cadeia (1994), As confissões prematuras (novela, 1998), Mare nostrum (romance, 2004), Os melhores contos (SP, 2009).
Organizou e participou de várias antologias Recebeu diversos prêmios importantes, entre eles, Prêmio da União Brasileira dos Escritores (1994), por Primeiro de abril; Prêmio Zaffary-Bourbon para Nur na escuridão - Melhor Romance publicado entre 1999-2001; Troféu Juca Pato Intelectual do Ano (2002); Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras (2009), pelo conjunto da obra.
Jornal
Foi proposto a turma fazer uma matéria de jornalística, a partir de outra matéria de jornal com um tema bem estimulante. O tema foi: um caso de agressão de um menino de 9 anos, com este título percebemos e desenvolvemos em mente várias hipóteses, mas não veio em mente a matéria primária em sí.
Depois de lido o texto e debatido com os colegas de classe, iniciamos o trabalho, vou citar um pequeno fragmento do meu texto.
"Menino de 9 anos é espancado e é levado às pressas ao hospital. O garoto Marco de 9 anos de idade, foi espancado por colegas de classe, por sofrer de gagueira. Na manhã de sábado seu caso já era estável e saiu da UTI, a mãe de Marco, dona Sílvia destacou; isso não ficará assim."
Neste pequeno fragmento já compreendemos a ideia central do tema e a dificuldade de desenvolvimento para um assunto de tamanha importância para a sociedade, pois a polêmica disto é porque todos são menores de idade e o que falar da da escola, dos pais.
Depois de lido o texto e debatido com os colegas de classe, iniciamos o trabalho, vou citar um pequeno fragmento do meu texto.
"Menino de 9 anos é espancado e é levado às pressas ao hospital. O garoto Marco de 9 anos de idade, foi espancado por colegas de classe, por sofrer de gagueira. Na manhã de sábado seu caso já era estável e saiu da UTI, a mãe de Marco, dona Sílvia destacou; isso não ficará assim."
Neste pequeno fragmento já compreendemos a ideia central do tema e a dificuldade de desenvolvimento para um assunto de tamanha importância para a sociedade, pois a polêmica disto é porque todos são menores de idade e o que falar da da escola, dos pais.
segunda-feira, 19 de novembro de 2012
Obras catarinenses
Foi proposto a nós escolhermos dois contos, um romance ou duas poesias em obras catarinenses para que apresentássemos em sala de aula: o meu autor escolhido foi Salim Miguel, jornalista e escritor libanês, com mais de 30 obras.
1º conto: A Rinha
Trata-se de uma história, com poucas narrativas, mas com um detalhamento de cena perfeito. Havia um galpão abandonado onde homens se reuniam em manhã de todos os sábados para acompanhar um combate, mas u combate um quanto fora do normal, pois era uma rinha de dois galos de brigas, no andar da história fazem apostas absurdas nos dois melhores galos, o pintado e o malhado. Ambos galos idosos e experientes com este tipo de batalha. Os dois donos dos galos apostam alto pelo grande jogo, mas os dois acabam de se entregar pelo cansaço e pela dor, e os dois acabam perdendo o dinheiro todo e apostas.
2º conto: Capitão Prestes
Baseia-se em um conto de um senhor velho sentado à beira mar de Florianópolis com um livro e comendo uma casquinha sirí, este senhor fecha os olhos e logo esboça e sua mente anos em que era jovem, fardado servindo ao exército brasileiro e narra de todas sua aventuras pelo oeste catarinense, e logo após ele revera seu amigo de longa data o Capitão Prestes.
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
Engajamento
Como já discutimos em sala de aula, a literatura engajada, venho atraves deste fazer um breve comentário sobre o Engajamento em geral: o Político, o social e o musical.
Engajamento Político ao meu ver hoje em dia os jovens principalmente não tem aquele engajamento como fora antigamente, pois não ocorre mais aquele abraço de causa em que ocorrera antigamente, o exemplo mais conhecido foi a ditadura que na época foi derrubado pela população, isto é um engajamento unir-se a uma causa e lutar para esta. O que está ocorrendo? Será comodismo?
Engajamento Social, na verdade este engajamento ao meu ponto de vista nunca existiu por parte da sociedade, um exemplo bem claro disto é: a população não lutar pelos seus direitos: Saúde, educação, condições de vida melhores.
E o Musical, na época da ditadura havia este engajamento por parte dos musicos da legião do "bossa nova" (tendência da época), eles buscavam atraves da música mostrar o que sentiam e principalmente mostrar que eles eram mais fortes que o que pensavam, alguns sim foram exilados, mas com seu orgulho retornaram ao Brasil e acabaram com o regime da época.
Engajamento Político ao meu ver hoje em dia os jovens principalmente não tem aquele engajamento como fora antigamente, pois não ocorre mais aquele abraço de causa em que ocorrera antigamente, o exemplo mais conhecido foi a ditadura que na época foi derrubado pela população, isto é um engajamento unir-se a uma causa e lutar para esta. O que está ocorrendo? Será comodismo?
Engajamento Social, na verdade este engajamento ao meu ponto de vista nunca existiu por parte da sociedade, um exemplo bem claro disto é: a população não lutar pelos seus direitos: Saúde, educação, condições de vida melhores.
E o Musical, na época da ditadura havia este engajamento por parte dos musicos da legião do "bossa nova" (tendência da época), eles buscavam atraves da música mostrar o que sentiam e principalmente mostrar que eles eram mais fortes que o que pensavam, alguns sim foram exilados, mas com seu orgulho retornaram ao Brasil e acabaram com o regime da época.
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
Conto Silviano Santiago Vivo ou Morto
Escritas em inglês, as três palavras me atraíram. Ocupavam a parte superior do cartaz pregado no quadro de avisos do shopping Plaza, que ficava num subúrbio da cidade de Buffalo. Ali tinha sido alugado um apartamento para mim. Nele estava morando desde setembro do ano anterior. Estávamos em pleno verão. Dead or alive. Fechei os olhos. Remontei em devaneio ao oeste norte-americano do século 19 e à Chicago dos anos 1930. A saraivada de balas que recebe os intrépidos assaltantes de diligência nos filmes de John Ford e o oportunismo silencioso e intenso do roubo a banco, quadriculado em fotogramas pelos mestres do gênero no cinema. Vivo ou morto. Billy the Kid e Al Capone, heróis da nossa infância. Para tristeza dos espectadores infantis, o xerife Pat Garrett deu cabo de um e o imposto de renda, do outro. Quando reabri os olhos e voltei às três palavras em preto e branco, elas mais me alucinaram e horrorizaram.
Originalmente localizado no centro do quadro de avisos, o cartaz crescera, se agigantara e tomara o formato de espelho retangular. Lá estava refletida minha cara em foto 4x7 colorida, circundada por dezenove outros rostos masculinos e femininos. A foto não podia ter sido reproduzida do passaporte (o autêntico estava comigo, guardado no apartamento; apenas o nome do titular era falso). Só podia ser reprodução da foto em duplicata que o serviço consular exigiu no momento em que preenchi a ficha de solicitação do visa de entrada neste país. As vinte pessoas retratadas tínhamos em comum os cabelos escuros, compridos e desgrenhados. Alheios ao barbeiro, à escova e até ao pente. Se fôssemos todos imberbes, não haveria diferença de gênero sexual na galeria. Parecíamos engradados empilhados de garrafas de coca-cola. Éramos tão semelhantes uns aos outros quanto o foram os velhos caubóis gringos (cabelos louros e olhos azuis) e os gângsteres carcamanos (cabelos negros e pele crestada pelo sol mediterrâneo).
Fechei de novo os olhos. Tentei e não consegui me lembrar de mulher caubói ou de mulher gângster. Nosso bando era moderno e cinematográfico. Nada a ver com o clube do Bolinha. Geração Bonnie e Clyde. Composto de homens e de mulheres. Nada de assalto a diligência, a banco ou a trem pagador. Não tínhamos renda própria, éramos (sem contrato de trabalho assinado) assalariados. O FBI nem cogitou em amestrar o leão do imposto de renda para nos abocanhar com a mão na botija. Tomou um atalho. Começou a investigar a origem dos depósitos cash em contas fantasmas. E a espalhar cartazes pelos shoppings, estações rodoviárias, aeroportos e agências de correio. A caça ao bandido adequava-se aos dias de hoje. Solapávamos a lei do império de maneira inédita e original. Umas bombinhas caseiras nas agências bancárias suburbanas. Fogo nas casas comerciais dos patrioteiros, que traziam faixas afixadas nas fachadas onde se lia: 'Better dead than red'.
Passávamos por cima da filosofia de adaptação ao american way of life e da ambição do self made man. Tudo sem visar a lucro. Era branco, fiquei com os universitários brancos. Outros, pretos, ficaram com os Black Panthers. Outros mais, marrons, com os Young Lords porto-riquenhos. Cada qual fazia o mal com o seu bem. Acirrava os universitários em manifestações públicas. Tanto melhor, se pudesse dar a palavra de ordem para levar 'os jamais vencidos estudantes unidos' de volta ao campus, de onde tinham saído em passeata. Uma bomba relógio escondida com habilidade no porão, e lá iria pelos ares um bem equipado laboratório de pesquisa em bioquímica, financiado pelo Exército ou a Marinha. Emprestei a caixa de fósforos para acender na reitoria o pavio em nada explosivo do sit in dos professores. Deu na revista Newsweek. O título da matéria dizia que no campus de Buffalo tinha desabrochado a primavera da manifestação pacífica dos mestres revolucionários. O grupo dos 22 professores pacifistas foi preso e todos viram o sol nascer quadrado na delegacia de polícia.
Pelo sim, pelo não, dei cobertura logística às bocas de fumo. O professor Fiedler foi abocanhado em casa pela narcóticos. Narrou os acontecimentos num livro, Being busted, onde constam meu codinome e presença nas pajelanças. Pertencíamos os vinte retratados a uma mesma etnia revoltada, com direito à diferença entre os sexos. Bicha e sapatão eram excluídos, a não ser que tivessem a alma guardada no closet. Será por isso que naqueles anos os rapazes deixavam crescer barba e bigode? Hoje sou um sexagenário de orelhas furadas e brincos dependurados que nem assentos de gangorra. O nirvana do unissexo é dolorido e custa barato, um par de brincos. É uma hipótese, que coloco ao lado de outra. A gênese do atualíssimo brinco masculino pode ter a ver com os ciganos que nos tornamos todos depois que a viagem aérea nos fez – a palavra se repete – ciganos.
Não me lembro de ter ficado mais de um mês parado numa cidade. O aeroporto ficava a caminho de casa. Entrava no avião e pulava de cidade em cidade, como no centro urbano o ônibus pula de ponto em ponto. A diferença é que o transporte público tem ponto de partida e ponto de chegada. Faz viagem de ida e de volta. Não era o meu caso. Fui macaco da rede aérea do ocidente. Tinha à minha disposição (ou à disposição do dinheiro que me custeava) os aviões da American, da PanAm e da United. Visto dessa perspectiva, todas as mulheres retratadas – e eram oito - se pareciam a uma mulher; todos os homens – e éramos doze – a um único homem. Minha cara só se destacou quando o cartaz tomou as dimensões do quadro de aviso e me vi refletido no espelho. Por isso levei tempo a reconhecê-la. A me reconhecer nela. Era a segunda cara na terceira coluna horizontal. Por minutos deixei os olhos pousarem de novo nas três palavras. De olhos fechados, saltei as caras coloridas e, impulsionado pela curiosidade mal-sã, corri para as legendas da parte inferior. Ali se lia que nós estávamos sendo procurados pelo FBI por sermos cidadãos estrangeiros e espiões a serviço do comunismo internacional. Infiltrados nas comunidades suburbanas, onde a grana corria a rodo.
Éramos perdulários do mal-estar alheio. Acrescentavam que, no conflito bélico que se desenrolava na Ásia, estávamos a favor da vitória dos vietnamitas. Muito cuidado era pouco cuidado. Os espiões eram sutis e sedutores, usavam codinomes. Eram solitários, nunca andavam em bandos. Eram traiçoeiros, capazes de perverter na calada da noite jovens sadios à causa do Mal. O valor da recompensa pela cabeça de cada um dos espiões vinha em tipo itálico, como, aliás, as três palavras fatídicas: vinte mil dólares. Multiplicados por vinte, o FBI estava disposto a desembolsar, em tempos de guerra-fria, quatrocentos mil dólares para trancafiar as cabeças vermelhas dos sutis, sedutores, solitários e traiçoeiros espiões. Meu corpo estava a leilão na praça norte-americana. Valia vinte mil dólares. Quem dá mais? Façam seus jogos, senhores! Meu codinome estava a descoberto: Santiago. Papai não iria acreditar que, um dia, o filho desgarrado abjuraria o nome de família para ter a cabeça orçada em vinte mil dólares. Meus velhos amigos brasileiros iriam pensar que, ao receber um segundo batismo na água-benta da guerra-fria, estava virando personagem e tema para filme de Hollywood. O boxeador Kirk Douglas ou o sansão Victor Mature fariam o papel que por tantos anos tinha sido ocupado pelo nanico e enfezado Edward G. Robinson – o de J. Edgard Hoover. Patrono dos patronos. Eu não era baby face. Tinha algo do latin lover. Teriam de importar um ator francês para me interpretar. Jean-Paul Belmondo, por exemplo.
De alma lavada por ter nome e codinome finalmente registrados nos arquivos do FBI. Fingi que não me reconhecia mais. O cartaz perseguia a mim. Tio Sam apontava o dedo só para mim. Era o único membro do grupo de vinte destacado para a região. Não era muita coincidência ter esbarrado no cartaz a cinco quarteirões de casa? Logo no shopping que venho freqüentando desde que me mudei para Buffalo? Meus vizinhos de prédio me reconhecerão, se já não me reconheceram. Descontrolei-me. Voltei a controlar-me. Precisava repaginar a cara do retrato. Corri de volta ao apartamento que tinha sido alugado para mim. Abri a porta e fui direto ao banheiro. Mijei. A vontade de me masturbar era muita. Não me masturbei. Cortei a tesouradas o grosso da barba. Agitei o creme de barbear Noxema. Batia uma punheta com a embalagem branca. Pressionado o botão superior, a espuma esguichou abundante na palma da mão direita. Dispersei-a pelo rosto. Raspei barba e bigode. Mais espuma esguichada e aplicada, escanhoei todo o rosto. Cara lisinha que nem bumbum de bebê.Baby face.
A imagem refletida no espelho oval não correspondia mais ao retrato reproduzido no cartaz. Novo disfarce. Respirei fundo e aliviado. Olhei o telefone. Pensei em discar. Alertar o Russell. Acionar os dispositivos. Tínhamos um número especial de contato. Em caso de urgência urgentíssima. Não disquei. Em resposta à indecisão, o telefone tilintou. Deixei que tocasse. Não atendi. Continuou tocando até se cansar. Bem escanhoado, a pele vermelha ardia (não tinha loção após-barba em casa). Caminhei despreocupado até oshopping para fazer o que tinha deixado de fazer. As compras de supermercado. Evitei passar pelo quadro de avisos onde colaram aquele e outros cartazes. Não tomei a escada-rolante. Desci de degrau em degrau até o subsolo. Caminhei em direção à porta corrediça do supermercado. Peguei o carrinho de compras. Empurrei-o. O controle remoto enviou mensagem, a porta de blindex abriu e entrei. O supermercado estava cheio naquela hora e naquele dia. Fim de semana. Tanto melhor, passaria despercebido sem barba e bigode.
#Q#
Depois de ter atravessado a linha de frente das caixas registradoras, dei com a seção de cosméticos. Um grande espelho redondo – não sei se para auxiliar os guardas na vigilância dos shop-lifters, ou se para ajudar as mulheres e as bichas na escolha do produto – estava parafusado ao final do estande principal. Meio que sem querer, olhei para a imagem refletida que passava empurrando um carrinho de compras. De baixo para cima a cara avermelhada nada tinha que lembrava a cara 4x7 colorida do cartaz. A não ser o cabelo. Visito amanhã o barbeiro. A pele delicada do rosto, liberada às pressas da barba e do bigode e escanhoada inabilidosamente, implorava às pequeninas veias rubras de sangue que explodissem. Duas tinham explodido no pescoço. O sangue tinha se coagulado. Não chegou a manchar o colarinho.
Precisava mudar o codinome. Para mudá-lo, precisava antes mudar o documento clássico de identidade nos Estados Unidos – a carteira de motorista, com foto do portador. Decidi. Não iria pagar as compras com cheque da conta que tinham aberto para mim no M & T Bank. Não tinha me cadastrado no supermercado e o caixa iria exigir a carteira. Na acareação do modelo com a foto, como justificar o rosto escanhoado? Como me escafeder sem dar na pinta? Que fazer se fosse 'convidado' (como são gentis!) a passar antes pelo escritório? Tinha de agir como bom cidadão, cumpridor dos seus deveres. Não levantar suspeita. O dinheiro que trazia no bolso era suficiente para pagar as compras à vista. Não compraria o que deveria ter comprado. Compraria o que podia comprar, dadas as circunstâncias. Leite e margarina, saltei o queijo suíço fatiado. Salame, saltei as grossas fatias de presunto e também o pastrami. Pão integral e biscoitos cream crackers, saltei as torradas de centeio importadas da Dinamarca. Não economizei nas frutas: maçã, pêra, uva, banana e o caríssimo abacaxi.
Um pacote de batatas era suficiente e permitiu pular por cima da cenoura, da berinjela e da abobrinha. Arroz tinha de sobra em casa. Feijão preto – frijoles negros, como dizem os latinos de Nova Iorque; black free holes, lembrei-me do jogo de palavras entre gringos fodões – comprava em latinhas, da marca Goya. Tinha estoque para um mês. Não descartei o alface e o tomate, dispensei o brócolis americano. Comprei óleo de cozinha, desprezei o azeite de oliva importado. Sabão em pó, tinha de comprar. O amaciante de tecido ficou na prateleira. As toalhas felpudas sofreriam. Sabonete e pasta dental saltaram para o carrinho. Olhei a seleção de uísques, pisquei, quase escorreguei em duas garrafas de vinho tinto Galo (vexame dos vexames!) e acabei me oferecendo duas caixas de cerveja em lata. Nada de Heineken. Budweiser, quem iria acreditar? E por aí fui, até chegar ao caixa com o carrinho. Atinei a tempo. Ouvi o conselho da pele esfolada do rosto: Compre um novo aparelho de barbear. Arranquei o estojo do mostruário ao lado da caixa registradora. Vinha com duas lâminas. Arranquei uma embalagem com mais quatro lâminas. Mudanças de hábito no banheiro. O total das compras não chegou a quarenta dólares. Hoje pagaria o triplo ou cinco vezes mais. E dizem que inflação é coisa de país subdesenvolvido.
Tudo coube em dois sacos de papel pardo, um deles reforçado por um segundo saco devido às caixas de cerveja. Um em cada lado, levava os dois sacos cheios para o apartamento, quando notei ao final do estacionamento, na calçada, duas cabines telefônicas suspeitas. Ninguém na da esquerda. Na da direita, iluminada, estava um senhor dos seus cinqüenta anos, de terno e gravata (apesar do sábado e do calor de verão). Fingia que falava ao telefone. Estava ali a me espreitar. Tive certeza pelos olhos que iam correndo para a esquerda a seguir o restante do meu percurso no estacionamento. Foi ele que ligou para meu apartamento? Se tivesse atendido? Se me abordasse agora, de supetão? Olho clínico, pra que te quero! Antes de atravessar a rua, busquei um jeito de depositar os dois sacos no chão para refazer o laço no cadarço do tênis.
Desde que o notei a espionar meus passos, o corpo dele na cabine tinha girado noventa graus. Praticamente dava as costas ao telefone. Na verdade telefonava num telefone sem fio. Não tive dúvidas. Atravessada a rua, percebi um outro senhor, em tudo por tudo semelhante ao anterior, embora em manga de camisa. Estava de pé na minha esquina. No ângulo oposto ao em que estava. Coçava o saco. Exibiu-me a mala embrulhada pelo pano da calça. Estava exibindo-a para mim, tinha certeza. Está me chamando de 24 veado? – pensei com meus botões que, por sua vez, me sussurraram que J. Edgard Hoover estava fazendo escola em Washington. Caminhei até o prédio. Não tinha elevador. Subi dois a dois os quatro lances de escada, até o apartamento alugado. Distribui os mantimentos pela geladeira e o armário que estava dependurado na parede de azulejos brancos. Voltei a abrir a geladeira. Retirei uma latinha de Budweiser pela abertura lateral da embalagem, rasgando o papelão na parte de cima. Puxei a argola. Pschhht. Dei uma boa bicada. Autoconfiança e naturalidade, antes de tudo. Instalaram câmaras e aparelhos de escuta durante a minha ausência. Arrependi-me de ter raspado barba e bigode de uma hora para a outra. Bandeira maior, impossível. De nada adiantava valer-me do kit de disfarce que tinha recebido. Entre milhares de itens inúteis, dele constavam barba e bigode postiços. Entregaria de vez o ouro aos bandidos do FBI.
Idéia melhor. Peguei no banheiro o saco de roupa suja e na cozinha a caixa de sabão em pó. Como presumi, a caixa de amaciante estava vazia. Tinha moedas de 25 centavos, guardadas na gaveta do criado mudo. Eram suficientes para as máquinas de lavar e de secar roupa. Desci até o subsolo. Uma mesa, ao lado da porta, servia de lixeira de jornais e revistas velhos. A vizinha da direita lia um número antigo da revista New Yorker. 'Howdy?'.disse a ela no estilo caubói. A velhinha baixou a revista e, por detrás dos óculos escuros, me perguntou se era texano. Disse que não. Que tinha um bom amigo que morava na fronteira, em El Paso. Com uma só pedra matava também o legítimo sotaque mexicano que tinha em inglês. Nem caubói nem chicano. Mexicano. Ela me disse: 'Ainda bem. Detesto caubói do asfalto. Esses midnight cowboys...' – não completou a frase.
Percebi com o canto dos olhos: nenhuma das máquinas à direita, de lavar, nenhuma das máquinas à esquerda, de secar, estava em funcionamento. Só a minha passou a girar as pás, depois que empurrei o cabo metálico e as moedas caíram. A velhinha continuou me olhando. Piscou para mim, a safada, e não desgrudava os olhos do volume da minha caceta. Quer, mas não te dou, pensei. Ela insistia com os olhos. Implorava. Não vem que não tem. Perguntei-lhe se ia incomodá-la, caso ligasse o ventilador do teto. Está quente, o dia. Não me respondeu. Liguei assim mesmo. As pás passaram a girar. Ela disse: 'Verão é verão, inverno é inverno'. Os olhos não resistiam ao volume da minha caceta. Tinha adivinhado que estava lavando roupa suja para me despistar? Tinha sido plantada ali na lavanderia do prédio para me vigiar?
Nisso entrou o homem que estava de pé na esquina, agora vestido com o terno do que estava dentro da cabine telefônica. Não entendi o troca-troca. Entrou e sentou ao lado dela. Pegou um número velho da revista Playboy. Foi direto à página que procurava. Escancarou a foto central para a velhinha ver. Ela continuava de óculos escuros. Riram da lingerie abusada da coelhinha. Sacanas os dois. Naquela idade se masturbavam mentalmente. Ela lhe mostrou um cartoon do New Yorker. Sentado numa poltrona, um cachorro perguntava ao casal de namorados que, à sua frente, se esfregava no sofá se era para hoje ou amanhã. Ele não entendeu a piada. 'O espetáculo', ela acrescentou. O homem não riu. 'A foda?', ele retrucou, tentando adivinhar o significado latente. Eu tinha de telefonar para o Russell. De onde? Do apartamento? uma temeridade. Da cabine telefônica? o senhor de terno e gravata, na casa dos 50, estava a minha espera. Nu, na certa, já que tinha emprestado o terno para o outro. Tinha grampeado o telefone público, faltava me grampear.
O círculo se fechava. Não podia continuar sentado como cachorro, à espera da roupa lavada para jogá-la na máquina secadora. Russell tinha me recrutado no restaurante Brasserie, de Nova Iorque, onde eu era bus boy, ao lado do Neville e do Toninho, que já eram garçons. Russell veio almoçar no restaurante em dias alternados. Enquanto punha no recipiente de plástico pratos, pires, xícaras, copos e talheres usados, e recolhia as garrafas vazias, enquanto dobrava mal e porcamente toalha e guardanapos sujos, sempre arranjava um jeito de puxar conversa comigo. O truque não passou despercebido dos garçons. 'A bichona tá gamada', disse o Neville ao cruzar comigo na cozinha. Russell deu a entender que tinha a minha ficha pregressa. 'Surpreendente para alguém da sua idade e do seu porte', disse. Abriu o jogo. 'Interessa? Casa, automóvel, roupa lavada, dinheiro para as despesas. Em particular, te explico o trabalho a ser feito. Nada que você não tenha feito, não saiba fazer ou não queira mais fazer', disse. Não me reuniria com grupo algum em ambiente escuso, sujeito a batidas policiais. Estaria sozinho e não estaria. Seria telecomandado da Califórnia e tele-protegido por ele de Nova Iorque. 'Topa tudo?' Pedi demissão no restaurante.
Passaram-se uns dias. O primeiro e definitivo telefonema de Russell foi curto. Endereço em Nova Jersey, no subúrbio de Highland Park. Ao sul, ficava New Brunswick. Mais ao sul, Princeton. Bem mais ao sul, Washington. As chaves do apartamento estariam com o super do edifício. Tomei posse do imóvel alugado. Por quem? Mentalmente fui compondo uma longa lista de palavras com final em -ado: Apartamento mobiliado. Ar condicionado. Telefone ligado. Supermercado ao lado. Cuidado, veado! Ri da minha lista ou da minha sorte? Fui extraído do sonho a porradas, como, antes da descoberta da anestesia, um dente era arrancado pelo boticão do maxilar. Acordei. O corpo estava banhado em suor e cheirava a mijo e a fezes. Não tenho mais vinte e seis
Silviano Santigo- Literatura Contemporânea
Conforme apresentado em sala de aula dois conto de Silviano Santigo (contos: Vivo ou morto e Uma Casa no campo), venho por meio deste apresentar-lhes características do autor e comentar sobre a narrativa dos fatos:
Silviano Santiago tem uma escrita que difere-se de vários autores, pois além de ele ser excessivamente introspectivo estrangeirista, ele não mede o tamanho e as proporções que uma palavra tem de ter, seu contexto conta com palavras de baixo calão, e expressões que não se usa mais.
Em “Vivo ou morto”, o narrador vê-se envolvido em uma trama muito complexa que se inicia com a surpresa da descoberta de que estava sendo procurado pelo FBI. Envolvimento com grupos terroristas, narcotráfico e outras afrontas à sociedade americana faziam parte da denúncia a ele dirigida. Depois
de muito tentar se disfarçar para não ser reconhecido, o narrador recolhe-se em casa e, em meio a muita aflição, acorda, “extraído do sonho a porradas”
“Uma casa no campo” trata da histria de dois amantes e do desejo de um deles de ter uma casa no campo. Depois de adquirida a casa, descoberta ao acaso numa viagem, passam a fazer viagens constantes para o local, onde fundam um recanto com direito a um belo jardim. Depois da morte do amante, o narrador mantém a casa como forma de preservação da imagem do primeiro. Adquire hábitos até então não cultivados, como cuidar do jardim e da casa, tarefas que cabiam ao outro por representarem o desejo dele.
Silviano Santiago situa-se entre esses autores contemporâneos que, rumando na contracorrente das fronteiras tradicionais do gênero ficcional, lançam-se, no exercício da ficção, ao empreendimento de transgredir essas fronteiras, dando especial destaque à atitude crítica do comentário e à exposição
das estruturas de que se valem no processo de criação.
Rumando sempre não fugir de seu propósito e ideia inicial.
Silviano Santiago tem uma escrita que difere-se de vários autores, pois além de ele ser excessivamente introspectivo estrangeirista, ele não mede o tamanho e as proporções que uma palavra tem de ter, seu contexto conta com palavras de baixo calão, e expressões que não se usa mais.
Em “Vivo ou morto”, o narrador vê-se envolvido em uma trama muito complexa que se inicia com a surpresa da descoberta de que estava sendo procurado pelo FBI. Envolvimento com grupos terroristas, narcotráfico e outras afrontas à sociedade americana faziam parte da denúncia a ele dirigida. Depois
de muito tentar se disfarçar para não ser reconhecido, o narrador recolhe-se em casa e, em meio a muita aflição, acorda, “extraído do sonho a porradas”
“Uma casa no campo” trata da histria de dois amantes e do desejo de um deles de ter uma casa no campo. Depois de adquirida a casa, descoberta ao acaso numa viagem, passam a fazer viagens constantes para o local, onde fundam um recanto com direito a um belo jardim. Depois da morte do amante, o narrador mantém a casa como forma de preservação da imagem do primeiro. Adquire hábitos até então não cultivados, como cuidar do jardim e da casa, tarefas que cabiam ao outro por representarem o desejo dele.
Silviano Santiago situa-se entre esses autores contemporâneos que, rumando na contracorrente das fronteiras tradicionais do gênero ficcional, lançam-se, no exercício da ficção, ao empreendimento de transgredir essas fronteiras, dando especial destaque à atitude crítica do comentário e à exposição
das estruturas de que se valem no processo de criação.
Rumando sempre não fugir de seu propósito e ideia inicial.
Arte engajada
O que é:
Embora a canção de protesto seja um gênero que ganhou fama a partir da instalação do regime de exceção no País, ela esteve presente no imaginário dos compositores nacionais desde o início do 20. Com os irônicos compositores dos morros cariocas, a música popular brasileira consolidava a crítica mordaz de costumes, não raro com farpas à política. Noel Rosa é apontado como símbolo máximo dessa época. Alguns estudiosos chegam a afirmar que essa criação é anterior a ele.
Com o regime militar, a atuação dos movimentos universitários e uma massa urbana crescente, a população passa a contar com a canção de protesto como gênero a partir do final dos anos 50, com alguns componentes da Bossa Nova. O pico desse processo chega com o endurecimento do regime, no final dos anos 60 em adiante. Algumas canções que tornaram-se célebres nos festivais de música popular brasileira dos anos 60/70 foram Zelão, de Sérgio Ricardo; Arrastão, de Vinícius de Moraes e Edu Lobo; Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores ? Caminhando, de Geraldo Vandré; Disparada, de Geraldo Vandré e Théo de Barros; Apesar de Você, de Chico Buarque, e A Banda, de Chico Buarque.
Em que pese algumas músicas de Caetano Veloso e Gilberto Gil terem ficado conhecidas como ?canções de protesto? nessa época, historiadores e musicólogos (em certo sentido os próprios tropicalistas admitem) afirmam que elas não foram feitas com o propósito exclusivo de ataque ao regime político. Panis et Circense, Alegria Alegria e É Proibido Proibir foram músicas de afronta estética à visão nacional-popular vigente naquele momento histórico.
Literatura engajada é aquela que tem compromisso ideológico (ou político). Nestes casos, o autor não está preocupado somente com a literatura como arte (técnicas, estilos, símbolos, intertextos,).
Na realidade, está preocupado em defender uma ideologia politico-social, em detrimento de outra. No Brasil, a literatura engajada esteve relacionada com a luta contra a ditadura. Um exemplo de livro é "A Festa" (autor: Ivan Angelo)”
Polêmicas:
žAutores abraçavam causas polêmicas, equivocadas e infames;
ž
žApoio a política;
ž
žApoiava regimes da época;
ž
žTodos publicavam ataques à governos;
Na realidade, está preocupado em defender uma ideologia politico-social, em detrimento de outra. No Brasil, a literatura engajada esteve relacionada com a luta contra a ditadura. Um exemplo de livro é "A Festa" (autor: Ivan Angelo)”
Polêmicas:
žAutores abraçavam causas polêmicas, equivocadas e infames;
ž
žApoio a política;
ž
žApoiava regimes da época;
ž
žTodos publicavam ataques à governos;
A Arte:
A música popular brasileira chegou ao engajamento a partir da bossa nova, com musicas de protesto, como vimos em sala de aula na apresentação sobre tropicalismo:
Canções de protesto Embora a canção de protesto seja um gênero que ganhou fama a partir da instalação do regime de exceção no País, ela esteve presente no imaginário dos compositores nacionais desde o início do 20. Com os irônicos compositores dos morros cariocas, a música popular brasileira consolidava a crítica mordaz de costumes, não raro com farpas à política. Noel Rosa é apontado como símbolo máximo dessa época. Alguns estudiosos chegam a afirmar que essa criação é anterior a ele.
Com o regime militar, a atuação dos movimentos universitários e uma massa urbana crescente, a população passa a contar com a canção de protesto como gênero a partir do final dos anos 50, com alguns componentes da Bossa Nova. O pico desse processo chega com o endurecimento do regime, no final dos anos 60 em adiante. Algumas canções que tornaram-se célebres nos festivais de música popular brasileira dos anos 60/70 foram Zelão, de Sérgio Ricardo; Arrastão, de Vinícius de Moraes e Edu Lobo; Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores ? Caminhando, de Geraldo Vandré; Disparada, de Geraldo Vandré e Théo de Barros; Apesar de Você, de Chico Buarque, e A Banda, de Chico Buarque.
Em que pese algumas músicas de Caetano Veloso e Gilberto Gil terem ficado conhecidas como ?canções de protesto? nessa época, historiadores e musicólogos (em certo sentido os próprios tropicalistas admitem) afirmam que elas não foram feitas com o propósito exclusivo de ataque ao regime político. Panis et Circense, Alegria Alegria e É Proibido Proibir foram músicas de afronta estética à visão nacional-popular vigente naquele momento histórico.
Dissertação
Estamos desenvolvendo uma dissertação, no qual o propósito básico é justamente nos preparar para o ENEM, com o tema base do "Álcool", em que o assunto ainda muito polemico e presente em muitos lares da família brasileira, há uma serie de divergências quando se trata de falar desta droga com os colegas de classe, pois cada um tem sua teoria e seu pensamento já completo.
Postarei minha dissertação no blog para que pensem e reflitam como está nosso país no embate desta droga:
Postarei minha dissertação no blog para que pensem e reflitam como está nosso país no embate desta droga:
O Descaso do Álcool
Observa-se que atualmente o descontrole, o abuso do álcool entre jovens e adultos, o qual está ceifando muitos lares. Devido a vários fatores, dentre eles: falta de fiscalização, negligência dos pais e alguns grupos fazem apologia ao uso do álcool.
Certamente a falta de fiscalização é uma constante problemática em que a lei seca não está corretamente sancionada, pois em cidades pequenas nem se tem o aparelho do bafômetro, é assim que ocorrem os acidentes.
Outro fato é a negligência dos pais, pois estes bebendo exageradamente na frente dos filhos, onde os princípios e a educação levam muito em conta, um exemplo bem claro disto é a liberação do filho (a) para as festas muito cedo e sem a orientação adequada.
Alguns grupos fazem apologia ao uso do álcool usando meios de comunicação, televisão, rádio, internet entre outros. Fazendo assim uma propaganda, um marketing de incentivo ao uso abusivo desta droga, que já está muito descontrolada.
Conhecendo tudo isso percebemos vários problemas, basta saber de quem é a culpa. Senão da sociedade da justiça e como podemos combater este problema nas famílias brasileiras e na nova geração de jovens que está por vir?
quarta-feira, 4 de julho de 2012
Clarice Lispector
O Primeiro Beijo
Os dois mais murmuravam que conversavam: havia pouco iniciara-se o namoro e ambos andavam tontos, era o amor. Amor com o que vem junto: ciúme.- Está bem, acredito que sou a sua primeira namorada, fico feliz com isso. Mas me diga a verdade, só a verdade: você nunca beijou uma mulher antes de me beijar? Ele foi simples:
- Sim, já beijei antes uma mulher.
- Quem era ela? perguntou com dor.
Ele tentou contar toscamente, não sabia como dizer.
O ônibus da excursão subia lentamente a serra. Ele, um dos garotos no meio da garotada em algazarra, deixava a brisa fresca bater-lhe no rosto e entrar-lhe pelos cabelos com dedos longos, finos e sem peso como os de uma mãe. Ficar às vezes quieto, sem quase pensar, e apenas sentir - era tão bom. A concentração no sentir era difícil no meio da balbúrdia dos companheiros.
E mesmo a sede começara: brincar com a turma, falar bem alto, mais alto que o barulho do motor, rir, gritar, pensar, sentir, puxa vida! como deixava a garganta seca.
E nem sombra de água. O jeito era juntar saliva, e foi o que fez. Depois de reunida na boca ardente engulia-a lentamente, outra vez e mais outra. Era morna, porém, a saliva, e não tirava a sede. Uma sede enorme maior do que ele próprio, que lhe tomava agora o corpo todo.
A brisa fina, antes tão boa, agora ao sol do meio dia tornara-se quente e árida e ao penetrar pelo nariz secava ainda mais a pouca saliva que pacientemente juntava.
E se fechasse as narinas e respirasse um pouco menos daquele vento de deserto? Tentou por instantes mas logo sufocava. O jeito era mesmo esperar, esperar. Talvez minutos apenas, enquanto sua sede era de anos.
Não sabia como e por que mas agora se sentia mais perto da água, pressentia-a mais próxima, e seus olhos saltavam para fora da janela procurando a estrada, penetrando entre os arbustos, espreitando, farejando.
O instinto animal dentro dele não errara: na curva inesperada da estrada, entre arbustos estava... o chafariz de onde brotava num filete a água sonhada. O ônibus parou, todos estavam com sede mas ele conseguiu ser o primeiro a chegar ao chafariz de pedra, antes de todos.
De olhos fechados entreabriu os lábios e colou-os ferozmente ao orifício de onde jorrava a água. O primeiro gole fresco desceu, escorrendo pelo peito até a barriga. Era a vida voltando, e com esta encharcou todo o seu interior arenoso até se saciar. Agora podia abrir os olhos.
Abriu-os e viu bem junto de sua cara dois olhos de estátua fitando-o e viu que era a estátua de uma mulher e que era da boca da mulher que saía a água. Lembrou-se de que realmente ao primeiro gole sentira nos lábios um contato gélido, mais frio do que a água.
E soube então que havia colado sua boca na boca da estátua da mulher de pedra. A vida havia jorrado dessa boca, de uma boca para outra.
Intuitivamente, confuso na sua inocência, sentia intrigado: mas não é de uma mulher que sai o líquido vivificador, o líquido germinador da vida... Olhou a estátua nua.
Ele a havia beijado.
Sofreu um tremor que não se via por fora e que se iniciou bem dentro dele e tomou-lhe o corpo todo estourando pelo rosto em brasa viva. Deu um passo para trás ou para frente, nem sabia mais o que fazia. Perturbado, atônito, percebeu que uma parte de seu corpo, sempre antes relaxada, estava agora com uma tensão agressiva, e isso nunca lhe tinha acontecido.
Estava de pé, docemente agressivo, sozinho no meio dos outros, de coração batendo fundo, espaçado, sentindo o mundo se transformar. A vida era inteiramente nova, era outra, descoberta com sobressalto. Perplexo, num equilíbrio frágil.
Até que, vinda da profundeza de seu ser, jorrou de uma fonte oculta nele a verdade. Que logo o encheu de susto e logo também de um orgulho antes jamais sentido: ele...
Ele se tornara homem.
Dissertação
Estamos desenvolvendo uma dissertação, no qual o propósito básico é justamente nos preparar para o ENEM, com o tema base do "Álcool", em que o assunto ainda muito polemico e presente em muitos lares da família brasileira, há uma serie de divergências quando se trata de falar desta droga com os colegas de classe, pois cada um tem sua teoria e seu pensamento já completo.
Postarei minha dissertação no blog para que pensem e reflitam como está nosso país no embate desta droga:
Postarei minha dissertação no blog para que pensem e reflitam como está nosso país no embate desta droga:
O Descaso do Álcool
Observa-se que atualmente o descontrole, o abuso do álcool entre jovens e adultos, o qual está ceifando muitos lares. Devido a vários fatores, dentre eles: falta de fiscalização, negligência dos pais e alguns grupos fazem apologia ao uso do álcool.
Certamente a falta de fiscalização é uma constante problemática em que a lei seca não está corretamente sancionada, pois em cidades pequenas nem se tem o aparelho do bafômetro, é assim que ocorrem os acidentes.
Outro fato é a negligência dos pais, pois estes bebendo exageradamente na frente dos filhos, onde os princípios e a educação levam muito em conta, um exemplo bem claro disto é a liberação do filho (a) para as festas muito cedo e sem a orientação adequada.
Alguns grupos fazem apologia ao uso do álcool usando meios de comunicação, televisão, rádio, internet entre outros. Fazendo assim uma propaganda, um marketing de incentivo ao uso abusivo desta droga, que já está muito descontrolada.
Conhecendo tudo isso percebemos vários problemas, basta saber de quem é a culpa. Senão da sociedade da justiça e como podemos combater este problema nas famílias brasileiras e na nova geração de jovens que está por vir?
terça-feira, 3 de julho de 2012
Modernismo 2 fase
A literatura quase sempre privilegia o romance quando quer retratar a realidade, analisando ou denunciando-a.
O Brasil e o mundo viveram profundas crises nas décadas de 1930 e 40, nesse momento o romance brasileiro se destaca, pois se coloca a serviço da análise crítica da realidade.
O quadro social, econômico e político que se verificava no Brasil e no mundo no início da década de 1930 – a bomba atômica sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki, o nazifascismo, a crise da Bolsa de Nova Iorque, a crise cafeeira, o combate ao socialismo – exigia dos artistas uma nova postura diante da realidade, nova posição ideológica.
Características
- Repensar a historia nacional com humor e ironia - " Em outubro de 1930 / Nós fizemos — que animação! — / Um pic-nic com carabinas." (Festa Familiar - Murilo Mendes)
- Verso livre e poesia sintética - " Stop. / A vida parou / ou foi o automóvel?" (Cota Zero, Carlos Drummond de Andrade)
- Nova postura temática - questionar mais a realidade e a si mesmo enquanto indivíduo
- Tentativa de interpretar o estar-no-mundo e seu papel de poeta
- Literatura mais construtiva e mais politizada.
- Surge uma corrente mais voltada para o espiritualismo e o intimismo (Cecília, Murilo Mendes, Jorge de Lima e Vinícius)
- Aprofundamento das relações do eu com o mundo
- Consciência da fragilidade do eu - "Tenho apenas duas mãos / e o sentimento do mundo" (Carlos Drummond de Andrade - Sentimento do Mundo)
O Brasil e o mundo viveram profundas crises nas décadas de 1930 e 40, nesse momento o romance brasileiro se destaca, pois se coloca a serviço da análise crítica da realidade.
O quadro social, econômico e político que se verificava no Brasil e no mundo no início da década de 1930 – a bomba atômica sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki, o nazifascismo, a crise da Bolsa de Nova Iorque, a crise cafeeira, o combate ao socialismo – exigia dos artistas uma nova postura diante da realidade, nova posição ideológica.
Características
- Repensar a historia nacional com humor e ironia - " Em outubro de 1930 / Nós fizemos — que animação! — / Um pic-nic com carabinas." (Festa Familiar - Murilo Mendes)
- Verso livre e poesia sintética - " Stop. / A vida parou / ou foi o automóvel?" (Cota Zero, Carlos Drummond de Andrade)
- Nova postura temática - questionar mais a realidade e a si mesmo enquanto indivíduo
- Tentativa de interpretar o estar-no-mundo e seu papel de poeta
- Literatura mais construtiva e mais politizada.
- Surge uma corrente mais voltada para o espiritualismo e o intimismo (Cecília, Murilo Mendes, Jorge de Lima e Vinícius)
- Aprofundamento das relações do eu com o mundo
- Consciência da fragilidade do eu - "Tenho apenas duas mãos / e o sentimento do mundo" (Carlos Drummond de Andrade - Sentimento do Mundo)
sexta-feira, 18 de maio de 2012
Macunaíma
O filme Macunaíma trata-se de uma rapsódia fantástica, pois alem de fazer imaginar você tem de acompanhar a obra pois é muito surrealista, ele descreve um herói sem nenhum caráter o cujo dito, Macunaíma trata de descrever o brasileiro como ele é "malandro" sempre dando o seu jeitinho.
Macunaíma rouba as namoradas dos irmãos, só faz malandragem e picaretagem, a obra engloba: o nacionalismo, folclore (mito), elaborado em uma linguagem totalmente brasileira, sempre em tons de muito humor e surrealismo.
Outro fato marcante foi que alem de ser mitológico, folclórico, nacionalista, humorístico, foi criado termos que usamos até hoje como o gesto da "banana" (feito com os braços) e o termo "Vá tomar banho!"
Macunaíma rouba as namoradas dos irmãos, só faz malandragem e picaretagem, a obra engloba: o nacionalismo, folclore (mito), elaborado em uma linguagem totalmente brasileira, sempre em tons de muito humor e surrealismo.
Outro fato marcante foi que alem de ser mitológico, folclórico, nacionalista, humorístico, foi criado termos que usamos até hoje como o gesto da "banana" (feito com os braços) e o termo "Vá tomar banho!"
("ai que preguiça", frase de grande importância da obra, foi o slogan da obra)
Dadaísmo
O movimento Dadaísta iniciou em Zurique, 1916 durante a 1ª Guerra Mundial, formado por desertores do serviço Alemão, a Arte Dadaísta foi basicamente a contradição o sem sentido, na poesia dadaísta o modo de faze-la era simples bastava cortar algumas palavras de jornais, revistas, cadernos etc. Sortear e formular a poesia, assim como algumas não faziam o menor sentido, outra poesia em que vou citar é a poesia em que o autor ouvia; exemplo o autor foi a 1ª Guerra Mundial e ouviu e fez uma poesia:
Die Schlacht (A Batalha), de Ludwig Kassak
Berr... Bum, bumbum, bum...
Ssi... Bum, papapa,bum, bumm
Zazzau... Dum, bum, bumbumbum
Prä, prä, prä... râ, äh-äh, aa...
Haho...
Na literatura, o Dadaismo procurava chocar o público. Agressividade, improvisação, desordem, rejeição a qualquer tipo de racionalização e equilíbrio, estavam presente nos textos.
Já na Arte era a oposição de qualquer coisa o sem nexo, era irônico e radical com o objetivo de chocar o povo. (Imagem uma arte dadaísta)
(imagem: L.H.O.O.Q. - Marcel Duchamp. Duchamp fez um bigode com caneta em uma reprodução da Monalisa. As letras do título desta obra ditas em francês traduzidos para o português, significam: "Ela tem o rabo quente")
terça-feira, 27 de março de 2012
Poema Dadáista
Conforme apresentado em sala de aula o assunto (dadaísmo), foi confeccionado juntamente aos colegas de classe um poema, segue a baixo o poema:
Tenho-te, és minha concepção,
a firmam
Eu acho, és bela, sinto-te
matizados d'oiro
Desejos, ó nunca equipam
Amoleço a roça
Abras o seio de cetim,
Uma esperança, um encontro
autor(es): Turma 3ºano 01.
Tenho-te, és minha concepção,
a firmam
Eu acho, és bela, sinto-te
matizados d'oiro
Desejos, ó nunca equipam
Amoleço a roça
Abras o seio de cetim,
Uma esperança, um encontro
autor(es): Turma 3ºano 01.
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